2 de outubro de 2017
Um relatório da Controladoria Geral da União (CGU), concluído em abril deste ano, escancarou dois problemas graves no sistema de saúde nacional: o desperdício de medicamentos e o alto custo da obtenção dos remédios.
De acordo com os dados, 11 estados e o Distrito Federal participaram deste cenário de desperdício de medicamentos, causando prejuízo de R$ 16 milhões. As principais causas da perda significativa dos remédios foram o vencimento dos produtos e também o armazenamento incorreto.
Estão na lista de responsáveis pelo descarte os estados de Amapá, Bahia, Ceará, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, além do Distrito Federal. Note que cerca de 70% dos Estados que desperdiçaram medicamentos estão localizados nas regiões Norte e Nordeste do País.
Integrando a rota de desperdício de medicamentos, um dos casos de grande prejuízo aconteceu em solo carioca. No Rio de Janeiro, perderam-se 1.104 frascos do medicamento Boceprevir 200mg, usado para o tratamento de Hepatite C – doença crônica que pode apenas ser controlada mediante uso de medicamentos, mas não tem cura.
De acordo com a tabela de valores dos medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS), cada unidade do Boceprevir 200mg custa R$ 6.102,98 ao Governo Federal. A Secretaria de Estado da Saúde do Rio informou que os medicamentos importados já chegaram com o prazo de vencimento próximo.
O relatório da CGU apontou que em 14 Estados, o controle de estoque não correspondia realmente aos medicamentos armazenados. Fica nítido que algum problema no registro dos medicamentos aconteceu entre o deslocamento do fabricante para o distribuidor final.
Pior ainda são os Estados que não conseguem nem organizar a logística para planejar a compra dos medicamentos de alto custo. “Quem não tem um planejamento não consegue nem ver os eventuais problemas que podem estar acontecendo, como fraudes ou outras irregularidades”, disse o auditor da CGU, Antônio Carlos Bezerra Leonel.